A Casa SV insere-se num contexto rural, rodeada pelas típicas casas tradicionais, com telhados inclinados, pequenas janelas e envoltas numa arquitetura anónima.

O terreno onde se ergue a casa é o mesmo onde outrora existiu a residência dos avós do proprietário atual. É modesto em escala, mas imenso em histórias e memórias para toda a família.

Desde o início, sabíamos que queríamos criar algo disruptivo neste ambiente caótico – algo que se destacasse claramente da envolvente, mas que ao mesmo tempo fosse silencioso para a rua, oferecendo privacidade aos seus habitantes e permitindo-lhes uma nova perspetiva sobre a envolvente caótica.

A casa materializa-se através de um bloco de betão onde as aberturas para os diferentes espaços interiores vão além da mera necessidade de ventilação e iluminação natural. Exteriormente, são um elemento importante na composição dos alçados e na perceção de ocupação da casa que estas deixam transparecer, mas sem comprometer a privacidade dos utilizadores. Internamente, estas aberturas focam-se em enquadrar retalhos de paisagem distante, ou até mesmo o céu, evitando a proximidade marcada por construções. Cada espaço tem uma perspetiva crítica sobre um determinado ponto da paisagem, permitindo aos utilizadores visões distintas e reflexivas sobre o exterior, influenciadas pela posição e dimensão da janela sobre a qual estão a olhar.

No exterior, a utilização de betão aparente enfatiza a ideia de solidez que queríamos expressar, em contraste com a madeira clara e as paredes brancas do interior, que transmitem leveza. É também nesta dicotomia que a casa se relaciona com os seus vizinhos, bem como com os seus habitantes e aqueles que percorrem os seus espaços.