Casa da Agrela

spaceworkers

Um projeto especial da Casa da Agrela, em Paredes, partiu de uma premissa clara: criar uma casa onde os livros, elemento central na vida da família, tivessem o seu devido protagonismo.

A inspiração veio das grandiosas bibliotecas clássicas, com estantes imponentes e escadas deslizantes que percorrem paredes repletas de livros.

Assim, desenvolveu-se o conceito de um pé-direito duplo, que se assumiu como o elemento central do projeto, organizando o espaço em torno de uma composição que combina funcionalidade com uma estética marcante.

A ideia foi evoluindo e a experimentação volumétrica conduziu à diferenciação funcional de cada um dos espaços através das suas variadas alturas. A cobertura assume, na plenitude, o estatuto de quinto alçado com especial importância na geração dos restantes quatro. A cobertura, uma massa, inquieta, que reage às funções nucleares da habitação, com diferentes alturas, cria no interior espaços de diferentes pés-direito que ajudam a hierarquizar os diferentes momentos da casa.

Subitamente tínhamos criado uma cobertura densa, pesada, de aspecto monolítico, que queríamos subverter, dando uma ideia de massa que levita sobre elementos leves de madeira e vidro, quase que a esmagar o utilizador lembrando-o da sua escala e da importância ancestral da casa enquanto abrigo.

O tempo, importante factor em arquitectura, é também um agente de composição fundamental. Os elementos construídos, nomeadamente em betão, procuram registar a passagem do tempo através da textura da sua cofragem variada, que, à semelhança da cobertura, assume altos e baixos, saliências e reentrâncias e permite capturar o tempo através do movimento das sombras nas diferentes horas do dia, dando um aspecto dramático às fachadas.

O betão irá envelhecer naturalmente integrando-se na dimensão rural da envolvente, o mesmo acontecerá com a madeira da base, que irá sofrer às intempéries como material natural que é, enriquecendo a casa com o precioso tempo.